Pele clara, olhos verdes, um dos sobrenomes suíço, o belorizontino
Diogo Tuler Chaves, 12 anos, se sentiu meio ‘estrangeiro’ ao chegar a
São João del-Rei há sete anos, acompanhando os pais que vieram
lecionar ciências da computação na UFSJ. “Senti falta do contato com
familiares, e cheguei sem saber o que fazer. Em Belo Horizonte
praticava natação e judô. Aqui, meus pais associaram-se ao Athletic, e
eu vinha vê-lo jogar pelada de futsal. Ele teve a idéia de me inscrever na
escolinha de futsal e prosseguir na natação. Fiquei seis meses, mas,
como não gostava muito desses esportes, meus pais me inscreveram na
escolinha de jiu-jítsu, já que eu antes praticava judô em BH.
Adorei, tanto que pratico há seis anos – os quatro iniciais no Athletic e
os dois últimos na academia Bauer, do professor que me iniciou no
clube –, participo de campeonatos, ganhei 15 medalhas de ouro, uma de
prata e medalhas de honra ao mérito. Há dois meses freqüento a turma
de adultos, porque o professor achou que se eu e dois colegas – um
menino e uma menina – ficássemos na turma das crianças, somente um
ou dois dariam para lutar conosco, e assim não estaríamos dando nosso
melhor. Na turma adulta, acabamos sempre perdendo nas lutas, mas
aprendemos mais os golpes e a técnica, pois eles não pegam pesado
com a gente, eles ensinam.
Pelo Athletic, participei de uma final do Campeonato Nacional, em Belo
Horizonte. Lembro até hoje do dia: 22 de setembro de 2013. Viajei bem
cedo mesmo para BH, tirei um cochilo na casa da minha avó, e fui para
o ginásio das provas, que estava lotado. Eu me sentei tenso, com medo,
tremendo, esperando o momento da primeira luta. A outra era no final do
dia. Venci, e ia para o Mundial. Fui entrevistado pelo telejornal Alterosa. Fiquei um pouco
chateado pela minha vitória não ter sido noticiada no Athletic, não ter
sido parabenizado pelo clube. Hoje sei que o Informativo, à época,
estava apenas nos seus primeiros passos. Mas fico contente por ser
reconhecido agora”.
“Mais amistosos, campeonatos para o basquete infantil!”
“No final de 2014 participei de aula expositiva de basquete no Athletic.
Quis logo começar a fazer. Gosto de jiu-jítsu e basquete porque são
esportes que exigem planejamento. Você tem que pensar o que fazer,
sua mente tem que criar, armar, esquematizar jogadas. Ambos exigem
muito mais técnica e tática do que força, ao contrário do futebol atual.
Talvez por isso que eu adoro também xadrez, e na escola prefiro
matemática e ciências. O basquete Sub-13 e Sub-15 do Athletic, com a
volta recente do professor Vicente – que sentimos muito falta pelos sete
meses afastado por problema de saúde –, agora precisa investir em
mais amistosos e em campeonatos. Isso é a coisa mais legal, nosso
sonho: ir além dos treinos.
Vou continuar no jiu-jítsu, porque, além de gostar, pretendo conseguir
por meio dele bolsa de estudo em universidade fora do Brasil. Morei nos
Estados Unidos de julho de 2015 a janeiro de 2016 acompanhando
meus pais em doutorado e pós-doutorado. Não gosto muito de
computação, como eles. Penso hoje em ser médico ou cozinheiro. Nos
EUA desenvolvi meu inglês, que eu estudava na Cultura Inglesa de São
João del-Rei. Vejo filmes e leio jornais em inglês. Gosto de comédias e
aventuras, como a série Stars Wars, de ver esportes na TV, jogar ping-
pong e dama, ouvir rock dos anos 80 – Capital Inicial, Legião Urbana –,
ler Harry Potter. Em 2017, farei o curso de crisma. No momento,
acompanho meus pais às assembléias de professores na UFSJ, que
protestam contra medidas governamentais”. (Reportagem de Edson Paz)
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